Interpretando o Censo da Educação Superior

Publicado em
09
/
11/2017
Autor
Fabrício Garcia
CEO na Plataforma Qstione
Fabrício Garcia é um professor da área de saúde apaixonado pelas novas tecnologias educacionais. Seu foco principal de trabalho está em ajudar instituições de ensino e professores a implementar novas tecnologias que aumentem a eficiência educacional, justamente por acreditar que a tecnologia é o caminho mais simples para democratizar a educação de qualidade no Brasil.
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Alguns resultados do Censo da Educação Superior, divulgado pelo Inep em agosto de 2017, nos remetem a algumas reflexões interessantes. Vejamos alguns destes resultados:

  1. de todos os alunos que ingressaram no ensino superior em 2010, cerca de metade (49%) abandonaram os cursos até o quarto ano, em 2014;
  2. houve uma redução da queda na quantidade de alunos ingressantes, se considerarmos o censo 2015 (caiu 6,1% em 2015 e 0,2% entre 2015 e 2016);
  3. existem mais de 140 mil vagas ociosas na rede federal de ensino. Na rede particular, isso é maior, mas lá é diferente, pois, quando não tem demanda, a vaga não é aberta;
  4. em 2014, o nível de evasão no curso de pedagogia chegou a 39%. Quando se fala de física, química e matemática, a coisa fica pior, com ainda mais desistências: 57,2%, 52,3% e 52,6%;
  5. a rede privada responde por 75,3% dos alunos do ensino superior, contra 24,7% das entidades estatais;
  6. os cursos tecnológicos tiveram alta de 2,8% em 2016;
  7. a educação a distância teve alta de 7,2% no número de estudantes;
  8. a quantidade de vagas oferecidas, cerca de 10 milhões, é maior que o número de alunos (cerca de 8 milhões).

Algumas reflexões e inferências

O índice de evasão é altíssimo, provavelmente, devido ao descompasso pedagógico dos cursos ofertados com as exigências do mercado. Há um abismo entre os projetos pedagógicos dos cursos de graduação e a realidade do mercado, levando o estudante a não obter as competências exigidas para uma boa atuação profissional. Assim, o estudante não consegue se identificar com o curso escolhido e acaba desistindo, ainda na fase inicial do curso.

Com o início da crise financeira brasileira, houve uma queda abrupta do número de novos ingressantes no ensino superior. Tal redução de ingressantes parece ter se estabilizado e o mercado dá sinais de que pode iniciar um ciclo de recuperação.

O engessamento administrativo das universidades federais leva a grandes prejuízos, já que elas não conseguem se adaptar aos momentos de crise, mantendo uma oferta exagerada de vagas sem demanda. Além disso, o distanciamento das universidades federais do mercado, leva a abertura de novos cursos e a manutenção de cursos preexistentes, sem levar em consideração as necessidades atuais de um mercado em constante evolução.

Os cursos de graduação focados na preparação de professores apresentaram um alto índice de evasão. Isto corrobora a tese, de que o magistério não é uma área atraente para os nossos jovens. É preciso repensar a carreira de professor no Brasil e reavaliar o que está sendo ensinado nos cursos de pedagogia.

É em momentos de crise que a educação a distância cresce. Contudo, a evasão parece ser um grande desafio para as instituições de EAD.

Os cursos tecnológicos parecem estar mais alinhados com as necessidades do mercado, talvez por isso, tenham crescido tão significativamente.

Ensino Superior