Qual a diferença entre EaD e ensino remoto?

Tecnologia educacional
Leitura em
5
min
Publicado em
26
/
06/2020
Autor
Fabrício Garcia
CEO na Plataforma Qstione
Fabrício Garcia é um professor da área de saúde apaixonado pelas novas tecnologias educacionais. Seu foco principal de trabalho está em ajudar instituições de ensino e professores a implementar novas tecnologias que aumentem a eficiência educacional, justamente por acreditar que a tecnologia é o caminho mais simples para democratizar a educação de qualidade no Brasil.
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Se você estava procurando saber qual a diferença entre EaD e ensino remoto, este artigo pode te ajudar!

Em tempos de pandemia, vivenciamos algo extraordinário na educação mundial. Surpreendentemente, um processo de mudança cultural que, possivelmente, levaria anos para acontecer, ocorreu em poucos meses. Em outras palavras, instituições de ensino de todas as partes do planeta tiveram que se adequar aos tempos difíceis promovidos pela Covid-19, com a utilização das mais novas tecnologias educacionais.  Leia mais nesse post em nosso Blog.

Contexto de mudanças!

Nesse ínterim, milhões de educadores, até os mais receosos ou resistentes ao uso de novas tecnologias educacionais, adaptaram-se e aprenderam a usar diversas ferramentas tecnológicas. Particularmente, desconheço outro momento histórico que tenha causado tanto impacto na educação.  

Da mesma forma, Salman Khan, fundador da Khan Academy, em entrevista recente, afirmou que a pandemia acelerou a digitalização da educação em pelo menos 10 anos. Tenho que concordar com ele, mesmo sabendo que o real impacto disso tudo só será conhecido algum tempo após o término da crise.

Muitas dessas tecnologias eram pouco utilizadas no setor educacional; mas, várias, já eram conhecidas no mundo corporativo. Assim, os professores que resistiam em adotar tais tecnologias foram rendidos pela crise pandêmica, e como em um passe de mágica, adaptaram-se e aplicaram dezenas de novas tecnologias dentro de diversas estratégias de ensino em diferentes níveis educacionais. Isso foi simplesmente incrível! Nem os mais otimistas e fanáticos por novas tecnologias educacionais, como este que vos fala, poderia prever tamanha revolução cultural no meio educacional.

Nesse contexto, surgiu um novo paradigma educacional: o novo “normal” focado em estratégias de ensino a distância (EaD).  

Conceito e um pouco sobre a história do EaD

Um conceito inusual emergiu desse processo de mudança “covidiana”: o conceito de ensino remoto. Assim, logo surgiram centenas de postagens e artigos na Internet explicando o que é ensino remoto e quais são as diferenças para o EaD. Confesso que achei tudo muito estranho e, de certa forma, perturbador. De repente, sem nenhuma explicação lógica, o ensino remoto passou a ser uma terminologia utilizada para definir algumas práticas comuns ao EaD.  Para entender melhor tudo isso, vamos falar um pouco sobre a história e os conceitos básicos de EaD.

Atualmente, o conceito de EaD no Brasil é definido oficialmente pelo Decreto no 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005):
Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Decreto no 5.622 de 19 de dezembro de 2005

Contudo, o conceito que mais me agrada é o de Dohmem (1967):
“Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de auto-estudo onde o aluno instrui-se a partir do material de estudo que lhe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação, capazes de vencer longas distâncias.”
Dohmem (1967)


Raízes no passado

Apesar de os conceitos serem modernos, o EaD é uma prática muito antiga. Segundo Golvêa e Oliveira (2006), alguns compêndios citam as epístolas de São Paulo às comunidades cristãs da Ásia Menor, registradas na Bíblia, como a origem histórica da Educação a Distância (Fonte: Abed).  

Mas, foi em 1728, que surgiu o EaD sistematizado, quando a Gazeta de Boston ofereceu um curso por correspondência ministrado pelo professor Caleb Philipps, sendo este, considerado por muitos, o marco inicial do EaD. A partir daí, o EaD se espalhou pelo mundo por meio de várias instituições: Instituto Líber Hermondes (Suécia, 1829); Faculdade Sir Isaac Pitman (Reino Unido, 1840); Sociedade de Línguas Modernas (Alemanha, 1856), Japanese National Public Broadcasting Service (1935), entre outras.

Diante do exposto, é preciso considerar o EaD como uma modalidade de ensino que vai além das eventuais regulamentações. Assim, instituições educacionais regulamentadas exclusivamente para o ensino presencial podem usar o EaD para complementar as estratégias de ensino-aprendizagem.

EaD no Brasil

Em 1904, o Jornal do Brasil, na seção de classificados, anuncia um curso de datilografia por correspondência. Esse pode ter sido o estopim para o surgimento de uma gama enorme de instituições de ensino à distância.  

Exemplo de propaganda aplicada para vender cursos de EaD.
Exemplo de propaganda de curso a distância.

Primeiramente, surgiram cursos por correspondência e via rádio. Em 1939, na cidade de São Paulo, surgiu o Instituto Monitor, a primeira instituição de ensino brasileira a oferecer sistematicamente cursos profissionalizantes a distância por correspondência, na época ainda com o nome Instituto Rádio -Técnico Monitor (Fonte: Abed). Posteriormente (em 1941), um ex-sócio do Instituto Monitor fundou o Instituto Universal Brasileiro, um marco do EaD brasileiro.

Exemplo de revista aplicada para vender cursos de EaD.
Exemplo de curso a distância em forma de revista.

Dessa forma, o Instituto Universal Brasileiro formou milhões de pessoas por meio de diversos cursos EaD, utilizando diferentes tipos de mídias, enviadas para os estudantes por correspondência. Isso tudo ocorreu antes do aparecimento Internet.  

Exemplo de correspondência aplicada para vender cursos de EaD.
Exemplo de correspondência de curso a distância.

Posso dizer que eu sou uma testemunha ocular da eficiência do EaD tradicional, pois tenho amigos formados pelo Instituto Universal Brasileiro, bem sucedidos profissionalmente.

EaD síncrono

A saber, as ferramentas síncronas do EaD são aquelas em que se faz necessária a participação do aluno e professor no mesmo instante. No caso do antigo EaD via rádio, os estudantes podiam interagir com os tutores por telefone. Atualmente, os ambientes virtuais de aprendizagem e as ferramentas de videoconferência facilitaram muito a interação entre estudantes, professores e tutores. Contudo, sua maior desvantagem pode ser a não flexibilização do horário de estudo.

Alguns exemplos atuais de Ferramentas de EaD síncrono são as webconferências, as aulas transmitidas via satélites e os chats.

EaD assíncrono

Já as ferramentas assíncronas de EaD são aquelas em que os estudantes e professores não precisam estar em contato ou conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam concluídas. Neste formato, os estudantes precisam ter mais disciplina para realizar as atividades e assistir as aulas, já que o horário de estudo pode ser definido pelo próprio estudante.

Isso acontece nas videoaulas, fóruns, por e-mails e blogs.

Na minha opinião, o ideal é criar modelos instrucionais que combinem ferramentas síncronas e assíncronas de EaD, pois dessa forma é possível aproveitar todas as vantagens dos dois modelos.

E o que seria o ensino remoto?

Afinal, qual a diferença entre EaD e ensino remoto? O ensino remoto nada mais é do que uma terminologia “nova” para definir a utilização de ferramentas tecnológicas síncronas de EaD. As tecnologias utilizadas até podem ser consideradas novas, mas o método é antigo.

Neste período de pandemia, muitas instituições de ensino presencial sem tradição ou experiência em EaD passaram a utilizar tais ferramentas para cumprir as obrigações escolares ou oferecer cursos livres. Isto é, a aplicação dessas ferramentas não transformou essas instituições de ensino presencial em instituições de EaD, mas, sem dúvida, forçou-as a utilizá-lo de forma apressada e, às vezes, sem o manejo adequado.  

Por outro lado, no Brasil, antes da pandemia, havia um grande preconceito quanto ao EaD. Mas o mundo dá voltas! E as mesmas instituições que criticavam ferrenhamente o EaD, foram obrigadas a adotá-lo neste momento de crise.  

Suponho que a necessidade de utilização de uma nomenclatura diferente (ensino remoto) surgiu dessa dubiedade de pensamento educacional. Tal necessidade gerou um novo viés mercadológico, para os quais novas terminologias e produtos estão sendo criados para atender às necessidades prementes de escolas e faculdades.

Qual será o futuro do ensino remoto…

E aí, você compreendeu a diferença Qual a diferença entre EaD e ensino remoto?

O ensino remoto (EaD síncrono) é algo limitado. Por isso, acredito que o futuro converge para o EaD pleno, com todas as suas incríveis possibilidades e tecnologias que podem estar alinhadas ou não ao ensino presencial.

O nosso trabalho na Qstione consiste em abrir os horizontes de instituições de ensino para o uso dessas tecnologias. Marque uma apresentação com os nossos consultores e saiba como amplificar o uso de novas tecnologias em avaliação de estudantes e EaD.

Até o próximo artigo!  

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